Vira e mexe estou diante de um dilema com as crianças. Elas pedem um cookie de sobremesa, insistem e nem sempre entendem os motivos de receberem um “não”. Explico os dias que podemos comer doce, tento dar as razões, embora eu saiba que muitas vezes adquirir um hábito não é o mesmo que educar a vontade. Quem faz exercícios físicos pode ter rotina, mas nem sempre desenvolveu uma consciência sobre o ato.
É uma questão que vai além do pragmatismo do certo ou errado. Educar a vontade exige uma reflexão anterior às nossas atitudes. Uma análise sobre cada tomada de decisão. Desde um simples gesto de abrir mão de comer um doce (e aqui não vou entrar no mérito do porquê) até o sacrifício de parar de usar o celular em certas ocasiões.
Claro, aqui vou me deter na questão da tela. Por isso, lanço algumas perguntas para que possamos rever alguns modos de lidar com o celular.
Você interrompe o uso do celular antes que alguém peça para desligar o aparelho, como, por exemplo, na entrada do cinema, teatro, palestras, etc;
Sabe a hora de parar de checar Whatsapp, Instagram, TikTok ou qualquer outra rede social sem que alguém ou algum evento externo tenha chamado a sua atenção;
O mais difícil: sabe dizer exatamente quanto tempo você gastou no celular por dia, em minutos ou horas;
Por fim, consegue reconhecer os momentos de vício no celular para terceiros, parentes, amigos, etc e coloca metas para garantir um uso consciente do aparelho;
Promessas, jejum e abstinência
Não estou falando de comida, exercícios, leituras ou encontros com pessoas queridas. Se você ainda não conseguiu educar a vontade em relação ao uso de celular coloque metas, faça jejum de aplicativos por uma semana, por exemplo, abstinência por um dia, enfim, o que você perceber que vai ser possível de cumprir.
Vale inclusive procurar aplicativos que congelam o acesso às redes sociais depois de um certo tempo que pode ser programável. Aliás, isso é muito importante quando se dá o primeiro celular para adolescentes. Combinar horários e limitar por meio de bloqueios o uso de rede social, por exemplo, 30 minutos por dia. Se você já deu o celular faz um tempinho, até mesmo alguns anos, não se acanhe de fazer isso agora. Não tem problema se você esqueceu de combinar as regras na hora de dar o celular ou nunca teve coragem de limitar o uso. Fale a verdade com seu filho ou sua filha. Diga que só agora você se deu conta dos problemas que o celular pode provocar na vida em família, na hora das refeições, eventos na escola, num encontro no shopping, na confraternização entre amigos, festas, etc.
Toda semana tem sugestão de livro novo e experiência a ser compartilhada
A menina Heidi é tão boa que podemos relacionar esse comportamento a uma característica típica da infância: a ingenuidade. No entanto, o coração dessa mocinha é dilatado e se preocupa com todos a sua volta. Ou seja, vemos em todos os relacionamentos que ela estabelece ao longo do livro um desejo de amar sem medidas, uma preocupação genuína com o outro. Até mesmo personagens que parecem perigosos ou maldosos são amados por Heidi. Aqui, coloquei a capa do volume 1. Vale a pena ler logo na sequência o volume 2. Se a criança não tem o hábito de ler sozinha, o adulto pode ler em voz alta um capítulo por dia. Muitas pessoas me perguntam e me pedem sugestão de livros para dar para crianças. Adoro quando me pedem dicas. Em geral, o adultos querem que os pequenos leiam com autonomia e independência. Claro que isso é ótimo, porém muita gente esquece que ler em voz alta para uma criança é fundamental para ensinar novas formas de interpretação, vocabulário e compreensão. Uma coisa não deve substituir a outra. Livro indicado para crianças a partir dos 7 anos. Não se preocupe se a criança ainda tem dificuldades de ler sozinha, leia para ela em voz alta que em breve a autonomia vai vir naturalmente.
Um pouco mais sobre quem escreve
Para quem ainda não segue o instagram @maislivrosmenostelas aproveito para contar um pouco mais sobre a minha trajetória. Tenho 40 anos, sou jornalista e curto muito acompanhar o desenvolvimento das minhas 3 crianças: Laura, Miguel e Cecilia. Trabalhei em jornal, site, rádio e televisão. Na GloboNews, fui produtora e editora por 14 anos. A leitura para as crianças se tornou uma prioridade quando percebi que as telas poderiam atrapalhar esse processo. Por isso, comecei a pesquisar sobre esse tema. Hoje, já consigo reunir uma série de fundamentos sobre o assunto e tenho ajudado diversas crianças no desenvolvimento da leitura. O primeiro passo para quem tem uma criança em casa é lembrar da recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria. Até 24 meses (2 anos) zero telas. Ou seja, nada de celular, televisão, tablet, computador. É possível. Para isso acontecer, o adulto também deve evitar telas perto das crianças e criar o hábito de deixar o celular mais afastado. Quem tem um dispositivo por perto vai acabar consultando, afinal, hoje é muito mais fácil pesquisar no google para descobrir a capital de um país do que buscar em enciclopédias, livros, dicionários, etc.
pavor de quem vai ao cinema e fica com o celular aceso na cara de todo mundo...