Crédito: Foto de Thomas Park na Unsplash
Demorei um pouco para escrever sobre as medidas de proteção para crianças e adolescentes contra abusos na Internet porque o assunto requer tempo e estudo. Conheci um projeto aqui nos Estados Unidos chamado “Protect Young Eyes” e quero compartilhar com vocês algumas práticas e sugestões importantes para lidar com esse tema que é delicado.
A primeira tendência de todos os responsáveis é esperar, aguardar alguns sinais para entrar em conversas que não são confortáveis. Isso pode ser um erro grave, porque muitas dúvidas surgem entre as crianças e elas podem acabar procurando outras pessoas e fontes não confiáveis para conversar, ao invés de falar com aqueles que estão todo dia em casa jantando e botando para dormir.
“10 antes dos 10”
Esse é um desafio que as famílias deveriam adotar, segundo a “Protect Young Eyes”. Os responsáveis precisam ter 10 conversas consistentes antes dos 10 anos sobre PORNOGRAFIA. Sim, é uma surpresa para muita gente que essas conversas tenham que começar tão cedo. O fato é que você precisa orientar a criança sobre o que ela deve fazer. Vai ser preciso explicar, por exemplo, que partes íntimas não podem ser vistas na Internet. Ensine a criança a parar de ver, desligar o computador ou a televisão e procurar um dos responsáveis. Eles precisam contar o que viram e eles só vão falar se os pais acolherem, não ficarem escandalizados. A pornografia está em muitos lugares, insinuações sutis, palavras inadequadas e imagens não tão óbvias. Então, para a criança identificar os responsáveis precisam dizer o que é pornografia, explicar, na medida do que pode ser compreendido pela idade que aquilo não deve ser visto.Sempre é uma boa hora para se conversar sobre o que foi visto.
Não existe momento inadequado e essa deve ser a mensagem que os responsáveis precisam passar para crianças e adolescentes. Os responsáveis devem estar prontos para ouvir. Se a criança viu algo que parece pornográfico, ela deve procurar um responsável. Isso precisa ser feito imediatamente, não podemos deixar para depois. Se os responsáveis quiserem podem até propor um “ensaio”, mostrar como fazer, o que falar, isso cria um ambiente propício para a conversa.Não existem segredos no mundo digital.
Muitas crianças e adolescentes não imaginam quem está por trás de uma tela. Existe alguém que pode não ter boas intenções. Pode ser uma pessoa sozinha, mas em geral, são grupos articulados. Então, qualquer conversa suspeita, imagens estranhas compartilhadas ou vídeos com conteúdo duvidoso na Internet devem ser reportados para os responsáveis.
Não se escandalize se eles te contarem o que viram.
Fazer uma cena, ficar horrorizado ou reagir negativamente são situações que podem fazer com que a criança perca a confiança ou mesmo a vontade de contar para os responsáveis. A primeira coisa que os responsáveis devem dizer para crianças e adolescentes é: “Não importa o que você viu, eu te amo, pode confiar em mim.”
Essa foi uma newsletter especial para tratar de um tema difícil, mas que precisa ser abordado com crianças e adolescentes. Espero que essa lista de sugestões ajude a introduzir conversas e criar ambientes propícios para que os relatos cheguem aos responsãveis.