As redes sociais criaram uma síndrome cruel nas crianças: um vício cada vez mais cedo. A pandemia acelerou esse processo que tentava fisgar os adolescentes. O problema é que a idade dos usuários dessas poderosas empresas vem diminuindo. São os consumidores do futuro que já estão absorvendo e financiando hoje a cada minuto as grandes indústrias do mundo da Internet. É uma lógica perversa: cada vídeo criado ou foto postada são insumos que alimentam essa rede. Estão comprando as crianças sem que elas estejam à venda.
O pior é que o vício também passa a ser guiado por mecanismos desenvolvidos por essa indústria. Por isso, mais de 40 estados americanos estão processando a Meta (dona do F***book e do I***agram) por causarem danos à saúde física e mental dos jovens. A notícia foi divulgada há pouco mais de um mês e já tem desdobramentos. Li o resumo da ação que vocês podem acessar nesse link:
Documento completo
Vou deixar aqui alguns palavras e expressões citadas no texto em inglês para que a gente possa refletir sobre os perigos das crianças terem contas nas redes sociais.
Technologies to entice, engage, and ultimately ensnare youth and teens
Maximize its financial gains
Exploit and manipulate its most vulnerable consumers: teenagers and children
Harmful and psychologically manipulative product features
Business model is based on maximizing the time that young users spend on its Social Media Platforms
Depression, anxiety, insomnia, interference with education and daily life, and many other negative outcomes
Em resumo, a empresa Meta sabia dos danos que foram causados a crianças e adolescentes e ainda assim investe nas mesmas práticas nocivas. Deixei em inglês os trechos para que vocês vejam no documento e leiam mais sobre os tópicos. Em resposta, por email, a Meta informou que está determinada a prover aos adolescentes “experiências positivas e seguras online e que já começou a utilizar mais de 30 ferramentas para dar apoio aos adolescentes e suas famílias".
E, agora, como agir?
A conta já foi criada e o adolescente usa todo dia as redes sociais? Vale pensar em deixar o celular com os responsáveis na hora de ir pra escola e antes de dormir à noite para evitar o uso excessivo das telas. Não tenha medo de ser a pessoa que precisa contrariar o filho. Experimente guardar o celular do adolescente todas as noites.
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*O adolescente não criou conta nas redes sociais? Cuidado para o adulto não ficar rolando o feed de maneira indiscriminada e tente evitar que a criança fique vendo redes sociais de outras crianças. O adulto que controla o uso do próprio celular se preocupa com o bem estar de todos em volta.
Sempre fiquei abismada como a menina Mary podia ser corajosa para enfrentar um casarão enorme e conhecer o jardim secreto. Ela tinha 10 anos quando foi levada para esse lugar novo, com pessoas desconhecidas em um ambiente totalmente diferente e desafiador. O livro mostra como ela amadurece e ajuda a criar uma perspectiva boa mesmo diante de um menino doente. Parece assustador e sombrio percorrer corredores e abrir portas no livro, mas vale a pena desvendar essa história com crianças a partir dos 7 anos. O adulto pode ler em voz alta um capítulo por dia e criar esse suspense que tanto desperta a curiosidade dos pequenos. Boa leitura e aproveitem essa experiência de guardar na memória cada cena descrita pela autora Frances Hodgson Burnett. Ah, não se assuste com essa edição que tem 272 páginas. Vocês viram a notícia de que apenas 9,5% dos estudantes brasileiros com 15 e 16 anos leram algum material com mais de 100 páginas? Vamos mudar esse cenário. É possível.
Um pouco mais sobre quem escreve
Para quem ainda não segue o instagram @maislivrosmenostelas aproveito para contar um pouco mais sobre a minha trajetória. Tenho 40 anos, sou jornalista e curto muito acompanhar o desenvolvimento das minhas 3 crianças: Laura, Miguel e Cecilia. Trabalhei em jornal, site, rádio e televisão. Na GloboNews, fui produtora e editora por 14 anos. A leitura para as crianças se tornou uma prioridade quando percebi que as telas poderiam atrapalhar esse processo. Por isso, comecei a pesquisar sobre esse tema. Hoje, já consigo reunir uma série de fundamentos sobre o assunto e tenho ajudado diversas crianças no desenvolvimento da leitura. O primeiro passo para quem tem uma criança em casa é lembrar da recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria. Até 24 meses (2 anos) zero telas. Ou seja, nada de celular, televisão, tablet, computador. É possível. Para isso acontecer, o adulto também deve evitar telas perto das crianças e criar o hábito de deixar o celular mais afastado. Quem tem um dispositivo por perto vai acabar consultando, afinal, hoje é muito mais fácil pesquisar no google para descobrir a capital de um país do que buscar em enciclopédias, livros, dicionários, etc.