Uma mensagem, um telefonema, localização ativada e um celular atrelado aos responsáveis. Será que vamos mesmo conseguir dar conta de controlar todos os passos das crianças e adolescentes? Criamos uma necessidade de controle que não parece saudável, nem viável. Podemos ter acesso a todas as tecnologias e ainda assim alguns passos vão ser dados fora do nosso controle. Ainda bem que isso acontece e a gente se dá conta, reconhece. Porque, de fato, não é possível saber de todos os passos.
O melhor que podemos e devemos fazer é ensinar que eles caminhem, mostrar, estar por perto para ser uma referência, mas permitir que eles estejam longe sem a nossa supervisão e tudo corra bem sem esse controle excessivo. Fico pensando na necessidade de ter uma mensagem a cada respiro da criança e do adolescente e como isso pode acabar interferindo na capacidade de autonomia desses futuros adultos. Será mesmo que eles precisam sair com o celular a todo instante e para todo tipo de programa? Vale fazer uma análise e avaliar com alguns critérios os programas em que o celular pode ser levado e os outros em que simplesmente deveria ficar em casa, poupando não só a bateria do aparelho, mas também a energia desses adolescentes.
Façam um teste, uma experiência e comecem a exercitar essa prática de deixar o celular em casa. Vai para a casa de uma amiga passar a tarde depois da escola? Combina o horário antes e deixa o celular em casa. Resolveu ir para um clube passar o dia na piscina, marca o horário que vai acabar o programa e nada de celular. É possível. A brincadeira rende mais e não existe a tentação de ficar vendo vídeos sem sentido no celular. Podem ficar tranquilos se não tiver fotos de um dia na piscina.
Ensinem os adolescentes a responderem mensagens
Se você vai dar um celular para um adolescente lembrem-se de algumas regras de etiqueta. Em geral, mãe e pai recebem mensagens quando fazem perguntas. Afinal, eles pagam a conta do celular e o adolescente não é bobo nem nada e quer ter um aparelho novo quando perder, por exemplo. Agora, avós? Tios e outras pessoas? Será que também recebem respostas? Infelizmente, depois do email não respondido a geração atual de adolescentes e jovens adultos deixa mensagem sem resposta quando a pessoa não está no primeiro círculo de importância: pai, mãe, namorada e irmãos. Somente esse primeiro núcleo consegue uma resposta. O resto oscila entre os interesses do momento e a falta de gentileza que virou uma tônica da vida acelerada típica dessa idade.
Sugestão de leitura e experiência a ser compartilhada
Uma história que parece triste, mas é surpreendente, sobretudo quando se pensa na solidão vivida por muitos idosos. Li esse livro com uma lágrima nos olhos, mas ao mesmo tempo é bonito demais e depois brinquei com minha filha colocando nome em tudo o que tinha pela casa. É comum a gente inventar apelidos, chamar de nomes diferentes alguns objetos e isso vale também nessa tentativa de criar um ambiente acolhedor, leve e de muitos risos. Façam em casa essa atividade de inventar nomes e apelidos. Vale fazer a leitura em voz alta para crianças de 5 a 7 anos.
Resolvi sugerir dois livros desta vez porque esse também fala sobre os dramas enfrentados por muitos idosos. Nesse caso, dona Antonia sofre com a falta de memória, mas contorna com a alegria de ter um menino que leva presentes simbólicos para ela. O curioso é que a criança tem a memória, mas não sabe o que é e nem como descrevê-la. Também é um livro bom para leitura em voz alta para crianças entre 5 e 7 anos e nesse caso podemos reunir alguns objetos que trazem algum significado para a criança, pode ser uma roupinha que não caiba mais, um brinquedo antigo, um desenho, um talher de bebê, etc.
Um pouco mais sobre quem escreve
Para quem ainda não segue o instagram @maislivrosmenostelas aproveito para contar um pouco mais sobre a minha trajetória. Tenho 41 anos, sou jornalista casada com jornalista e tenho 3 crianças em casa: Laura, Miguel e Cecilia. Trabalhei em jornal, site, rádio e televisão. Na GloboNews, fui produtora e editora por 14 anos. A leitura para as crianças se tornou uma prioridade quando percebi que as telas poderiam atrapalhar esse processo. Por isso, comecei a pesquisar sobre o tema. Hoje, tenho ajudado diversas crianças no desenvolvimento da leitura. O primeiro passo para quem tem uma criança em casa é lembrar da recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria. Até 24 meses (2 anos), zero telas. Ou seja, nada de celular, televisão, tablet, computador. É possível. Não desista.
não deve ser nada fácil, mas é preciso ir dando autonomia às crianças para que elas aprendam a caminhar sozinhas...