A fase da adolescência exige um pouco mais de criatividade dos professores, avós, pais e mães. Nem sempre conseguimos manter as crianças mais velhas empolgadas e dispostas a gastarem a energia com algo que possa ser construtivo. Por isso, pensando em dois exemplos bem práticos o esporte e o trabalho voluntário são atividades que por um lado gastam energia, no bom sentido, e criam essa necessidade de focar e se empenhar.
A atividade física duas vezes por semana simplesmente não resolve a questão do pré-adolescente e adolescente. É preciso se dedicar a um esporte que tenha uma liga, uma competição, regras, horários, ou seja, uma seriedade fundamental para essa fase do desenvolvimento das crianças mais velhas. Por isso, somente uma aula em academia ou algo sem um comprometimento não cria a responsabilidade e a dedicação que precisamos estimular nesse período. Os jogos esportivos com treinos e campeonatos nos finais de semana são um bom recurso para criar a seriedade que eles tanto precisam.
Não falo só da medalha, nem da rivalidade. O campeonato todo, a existência de um time, o uniforme, o técnico e o juiz. São formalidades que dão os sinais do que a vida adulta exige em termos de obediência a um formato combinado de jogos, regras, orientações, e até mesmo uma advertência ou punição se for preciso.
O trabalho voluntário: sair de si
Não há criança ou adolescente sem disposição para ajudar. Peça para carregar uma pilha de livros, separar itens para doações, ir a um orfanato ou jogar baralho com idosos que eles vão demonstrar interesse e bastante energia. Pode parecer exagero, mas esse é o cenário mais comum no mundo tudo: adolescentes adoram ajudar fora de casa, mas não querem fazer os trabalhos domésticos mais simples como lavar louça, pendurar roupa, arrumar o quarto ou tirar a mesa.
Realmente essa discrepância de boa vontade pode tirar do sério pais, mães e avós, mas é compreensível. Fazer algo dentro de casa não se parece num primeiro momento como uma ajuda efetiva a uma pessoa que passa necessidade como no trabalho voluntário. Por isso, precisamos ter paciência e esperar um pouco o momento em que vai ser possível a compreensão de que fazer pelo outro é sair de si, atender as necessidades do outro é compartilhar o sentido da vida.
Um trabalho voluntário deve ser feito de maneira sistemática para que o adolescente perceba a continuidade do que foi proposto desde o primeiro dia. Por exemplo, quem participa da construção de casas para pessoas carentes deve estar desde o começo, quando ainda era somente um terreno e o primeiro passo era comprar o material e aprender como subir as paredes.
Caso a atividade seja de doação de alimentos, por exemplo, vale a pena propor que os adolescentes conversem, saibam os nomes das pessoas que recebem, conheçam um pouco mais cada família que será beneficiada com a comida, o que eles fazem, onde moram, do que gostam e comecem a ter um relacionamento de verdade. Sair de si mesmo dá trabalho, não é imediato, exige um processo de doação da própria pessoa que se abre, se interessa pelo que está ali ao lado, começa a guardar na memória os gostos e preferências do outro para deixá-lo feliz na próxima vez em que for encontrá-lo.
Sugestão de leitura
Livros com aventuras mirabolantes e situações de perigo são comuns para crianças um pouco mais velhas ou adolescentes. Agora, um manual ensinando como sobreviver na selva pode ser um pouco inusitado. Existem famílias que esperam um pouco mais para que as crianças possam acampar, mexer com fogo, madeira, pescaria, etc.
De qualquer maneira, o livro faz um alerta no começo de que se trata apenas de entretenimento e ainda que as crianças não possam se virar sozinhas, vale investir em ensinamentos e promover situações em que literalmente eles possam colocar a mão na massa.
Digo isso porque ficamos com medo que as crianças usem cola quente, martelo, parafusadeira elétrica, pregos, etc. porém são ensinamentos importantes que podem ser aprendidos sob supervisão no começo. Não fiquem tão apreensivos com medo de cortes, machucados ou lesões. Quando existem orientações e uma espécie de manual tudo pode ser feito dentro de um certo controle para evitar acidentes. O livro é um pouco caro e chega a custar R$ 92, mas vocês podem procurar em sebos online (Estante Virtual) e até nas bibliotecas. Ou, se possível, peçam para a escola adquirir um exemplar!