O que tem no boletim da criança?

Elizabeth Sucupira

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As notas são motivo de alegria e ansiedade para muitas crianças e principalmente para os responsáveis. Pode ser um conceito com letras e gradações: Muito Bom (MB); Bom (B); Suficiente (S) ou Insuficiente (I), como era o caso da escola que frequentei no Rio de Janeiro até a antiga 4a série do 1o grau. Pode ser o tradicional número de 0 a 100. O importante é entender a evolução da criança e saber o que está acontecendo em sala de aula. O problema é que muitas avaliações bimestrais ou trimestrais chegam em casa com poucas observações dos professores e apenas notas para matérias como Matemática, Língua Portuguesa, Biologia, Inglês, História e Educação Física, por exemplo.

Como saber do desenvolvimento da criança quando não vem explicitado no boletim? Em primeiro lugar, vale a pena pedir uma reunião com a professora, aliás, façam essa solicitação por email pelo menos uma vez por ano, mantenham contato com a escola, de maneira educada e gentil, para saber como está a parte emocional, comportamental e pessoal. Existem questões que dificilmente vão ser colocadas por escrito no boletim, mas podem ser faladas numa reunião. Ainda assim, vejo com muita satisfação e tranquilidade quando as escolas resolvem ampliar os horizontes e tratar de habilidades sociais e emocionais. Aqui nos Estados Unidos existe uma parte do boletim totalmente dedicada a esse tema. Vou reproduzir os itens caso alguém se interesse e veja se a escola está disposta a colocar isso nos boletins:

1 - Identifica e descreve como escolhas pessoais e comportamentos próprios impactam a si e aos outros
2 - Identifica estratégias para perseverar diante de desafios e contratempos
3 - Identifica e reconhece outros pontos de vista sabendo que ambos os lados não precisam concordar, mas devem ser respeitosos
4 - Faz uma escuta ativa e tem habilidades de comunicação efetivas para favorecer a cooperação e as amizades
5 - Descreve os impactos positivos e negativos de se comunicar por meios digitais e redes sociais
6 - Implementa estratégias para resolver um problema
7 - Ouve e segue as regras e combinados
8 - Trabalha de maneira independente e se concentra no que foi pedido
9 - Demonstra habilidades de organização e é responsável com os materiais
10 - Participa em sala das atividades e das discussões
11 - Termina os deveres focado e no tempo apropriado

São apenas três conceitos para cada item:
O = Outstanding (Excelente, acima do esperado)
S = Satisfactory (Satisfatório)
N = Needs improvement (Precisa melhorar)

Se você que me segue aqui é diretora de escola ou professora vale a pena pegar essa lista e fazer algumas adaptações para ter uma avaliação completa do aluno quando a família pedir mais informações. Pais, mães e responsáveis também podem ficar atentos e perguntar sobre esses temas para as escolas. Para avô e avó que não tem como cobrar isso da escola, não se preocupe, pegue essa lista e faça adaptações para a linguagem que a criança possa compreender de acordo com a idade e veja se ela consegue seguir os combinados.

A questão de ter alguns balizadores não é para criar mais regras ou viver para seguir instruções. O mais importante é conhecer a criança. O avanço cognitivo na matemática, música, artes e português é de fundamental importância, mas não é capaz de descrever e avaliar o desenvolvimento da criança nem o adolescente.

Sugestão de leitura e experiência a ser compartilhada

Um livro que encanta as crianças a partir de 7 anos quando ouvem a história em voz alta contada por avós, pais e mães e que fascina as mais velhas de 9, 10 e 11 anos que já conseguem ler de maneira autônoma. A história surpreende muito mais pela ingenuidade do menino, pelo jeito inocente, doce e puro do que o fato dele se descobrir herdeiro. Claro que existe a reviravolta de ser tornar rico, um pequeno lorde de uma hora para a outra, mas como fica a essência da pessoa, no caso um mini rapaz tão humilde? Livro maravilhoso da autora Frances Hodgson Burnett que tem obras fundamentais para a literatura infantil como “O Jardim Secreto” e “A Princesinha”. Recomendo essa tradução da Tatiana Belinky.